#Tese

Atividade Física e Comportamento Sedentário em Adolescentes do Estado de Pernambuco, Brasil: estudo comparativo de dois inquéritos (2006 e 2011)

Bezerra, Jorge

RESUMO

Apesar de se conhecer que a prática insuficiente de atividade física e o comportamento sedentário têm elevada prevalência na população adolescente, ainda há escassez de informações sobre as variações temporais em relação a esses fatores. Para subsidiar o poder público de Pernambuco com informações referentes à população adolescente, realizou-se estudo de painel repetido, a fim de analisar as alterações no período de 2006 a 2011, na prática de atividade física no lazer (sim/não), no atendimento à recomendação de prática de atividade física de 300 min/semana (sim/não) e exposição a comportamento sedentário por ≥3 h/dia (exposto/não exposto), bem como nos fatores associados a essas condutas em adolescentes (14 a 19 anos de idade) do estado de Pernambuco (Brasil). O estudo foi baseado na comparação de dois inquéritos epidemiológicos transversais de base escolar e abrangência estadual. Os dados foram obtidos por meio de adaptação ao questionário GSHS, aplicado por entrevista coletiva em uma amostra (n= 4207 em 2006; n= 6264 em 2011), selecionada aleatoriamente mediante amostragem por conglomerados em dois estágios (escola e turma). Nas análises estatísticas, estratificadas por sexo, usou-se teste do Qui quadrado de Pearson e a regressão de Poisson com análises brutas e ajustadas. As variáveis independentes foram organizadas em três níveis hierárquicos: nível 1 – variáveis demográficas; nível 2 – variáveis econômicas; e nível 3 – variáveis relacionadas à escola. Adotou-se um nível crítico de p≤0,20. Considerou-se um nível de significância 5% para identificação das variáveis associadas ao desfecho sob análise, utilizando-se os testes de “Wald” para tendência linear ou heterogeneidade. Em todas as análises, foi incorporado à sintaxe o prefixo “svyset” disponível no STATA. De 2006 para 2011, houve: (1) estabilidade na proporção de adolescentes praticantes de atividades físicas no lazer (AFL) tanto entre os rapazes (77,5% versus 78,9%) quanto entre as moças (51,2% versus 54,0%); (2) redução no atendimento às recomendações de prática de atividades físicas moderadas a vigorosas (AFMV), sendo significativa entre os rapazes (de 42,46% para 38,2%) e não, entre as moças (de 29,8% para 27,5%). (3) aumento significativo da exposição ao comportamento sedentário (CS), tanto entre os rapazes (de 44,6% para 50,9%) quanto entre as moças (de 48,2% para 53,9%). Quanto aos fatores associados à AFL, a idade e participação em aulas de educação física aparecem em ambos os inquéritos tanto entre os rapazes quanto entre as moças, e, em 2011, a posse de computador aparece como um fator inversamente associado à AFL entre as moças. Os fatores associados à AFMV foram mesorregiões geográficas, trabalho, idade e participação na educação física escolar. Tais associações foram verificadas tanto entre os rapazes quanto entre as moças, mas com magnitudes diferentes. Os fatores associados ao CS foram a zona de moradia , a situação ocupacional e ter computador, tanto entre os rapazes quanto entre as moças. Concluiu-se que ocorreram variações significativas de 2006 para 2011, nas prevalências de AF e CS, com tendência de estabilidade na AFL, redução da prática de AFMV e aumento de CS entre os adolescentes do ensino médio. De um modo geral, os fatores associados a esses desfechos apresentaram estabilidade no período. Estudos de acompanhamento são necessários para embasar políticas públicas voltadas para essa população e, especialmente, o planejamento de programas de intervenções de saúde e propostas curriculares adequadas às aulas de educação física no contexto da rede pública de ensino médio, no estado de Pernambuco.

Palavras-chave: Adolescentes. Estudantes. Atividade motora. Atividades de lazer. Comportamento sedentário. Comportamento de risco. Brasil.